Matheus De Luca

A música sempre fez parte da minha vida. Quando era bebê meu pai tocava violino para me distrair se eu não queria comer ou estava me sentido mal. Minha mãe também sempre teve muito ritmo. Apesar de nunca terem trabalhado com música os dois eram afinados e costumavam cantar músicas tradicionais pela casa durante minha infância. Uma das únicas coisas que me recordo desse período com clareza é de uma vitrola com vários vinis de trilhas infantis e que também narravam histórias. Com pouco mais de três anos ganhei uma bateria para crianças, mas acabei destroçando o instrumento após um tempo. Depois meus pais me deram um microfone e um rádio-amplificado que gravava em fita e passei a brincar cantando algumas músicas que gostava na época. Uma vez alfabetizado passei a registrar num caderno minhas primeiras que falavam dos animais e dos planetas, duas das minhas paixões de garoto. Tive aulas de iniciação musical com a minha avó paterna no piano da casa dela e mais ou menos nesse período me mudei para lá.

Aos 9 anos ganhei de presente do meu pai duas coletâneas dos Beatles em CD (Azul e Vermelha) e comecei a me interessar por aprender violão. Meses depois eu me apresentei tocando guitarra em Santa Tereza num festival de talentos (Sarau Laurinda). No natal seguinte, meu tio como forma de incentivo encomendou músicas a mim e aos meus primos, que também tocavam violão. Eu já tinha escrito alguns esboços de canções que não estavam totalmente finalizadas e fiquei determinado a compor a encomenda que foi concluída e tocada antes da ceia natalina. Nessa altura eu tinha passado a dedicar mais tempo para a música e pensava em formar uma banda.

Na escola conhecia um amigo que tocava piano clássico e então o chamei para ensaiar e começamos a escolher algumas músicas para montar um show. Um colega em comum foi escalado para o baixo, pois meu pai tinha comprado um Tagima usado e o grupo passou a se chamar The Lions. Quando o baixista desistiu da banda eu passei as primeiras notas do instrumento pro tecladista (que era Gustavo Abdalla) e chamei um guitarrista para fazer a base. Eu que cantava na banda assumi também a guitarra solo, que pra mim era uma enorme responsabilidade. Nessa formação fizemos uma apresentação na próxima edição do Sarau que eu já tinha participado em Santa Tereza e agregamos um baterista (Paulo Donato). Ainda no mesmo ano, tocamos em duas festas de aniversário fazendo cover de Beatles.

Depois de um tempo a banda se desfez e comecei tudo novamente com uma nova leva de amigos músicos da escola e fizemos uma turnê até Brasília passando por Petrópolis, Caxambu, Baependi e Belo Horizonte. Nessa viagem eu tive certeza que realmente levaria a vida fazendo música devido ao imenso prazer em me apresentar ao vivo com canções de nossa autoria. Quando voltamos da excursão fizemos nosso último show em Búzios e depois devido a alguns desentendimentos nos separamos. Então convidei o tecladista da banda (Lucas Sales) para fazer parte do meu novo projeto com Gustavo que estava voltando de um intercâmbio nos Estados Unidos. Após alguns ensaios juntos nós convidamos dois músicos de apoio para nos acompanhar em um festival de artistas independente (F.B.I) e fomos os vencedores da sua primeira edição. Enquanto isso eu trabalhava em gravações caseiras da pré-produção do CD “Hora da Partida” gravando uma demo na qual eu tocava todos os instrumentos para desenvolver alguns arranjos com o produtor Lello Guita. No mês de abril de 2008, entramos no estúdio Copacabana para gravar o álbum e o resto vocês já sabem.